
O Comando Vermelho paralisou suas atividades criminosas por sete dias durante o encontro do G20 no Rio de Janeiro, em fevereiro do ano passado. A revelação explosiva foi feita pela Polícia Federal, que interceptou mensagens do traficante Arnaldo da Silva Dias, o Naldinho, preso em Bangu 3.
Nos “salves” enviados de dentro do presídio, Naldinho anunciou: “Sete dias sem guerras e roubo”, atendendo a um suposto pedido de um representante das autoridades. A ordem foi acatada por toda a facção, com a justificativa de que o diálogo havia sido respeitoso.

Mais do que a trégua, os documentos da PF revelam que o CV selou um pacto com sua rival histórica, a facção Amigos dos Amigos (ADA). O acordo pôs fim a uma guerra de mais de 20 anos e garantiu trânsito livre de moradores entre comunidades dominadas pelas duas facções. O comunicado oficial dizia: “Vamos esquecer o passado”.
Os salves também revelaram uma rifa macabra promovida por Naldinho: R$ 500 por número para concorrer a dois fuzis AR-15 zero bala. Além disso, R$ 20 mil da facção teriam sido usados para construir um túnel de fuga no presídio Vicente Piragibe, descoberto seis meses depois.
A PF considera que o traficante usava o codinome Samuray para dificultar sua identificação nas investigações. O material interceptado mostra que Naldinho atua como porta-voz do crime dentro e fora da cadeia, articulando alianças, administrando disputas e coordenando ações criminosas de larga escala.